19 de Dezembro
Fernanda de Castro
nasceu a 9 de Dezembro de 1900, morre dia 19 de Dezembro de 1994, dez dias depois de completar noventa e quatro anos de idade
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
SONHO, VIGÍLIA, NOITE, MADRUGADA...
Sonho, vigília, noite, madrugada?
Um a um, desfolhei os sete véus,
e adormecido o corpo, a alma acordada,
um a um, escalei os sete céus.
Sem limites de tempo nem espaço,
quanto tempo durou minha viagem?
Andei mundos sem dor e sem cansaço,
ficou, em meu lugar, a minha imagem.
Agora, de regresso, cumpro a pena.
Tudo esqueci dessa abismal distância
mas algo é diferente: volto à arena
com uma nova inocência, um gosto a infância.
Serena, com uma paz desconhecida,
aceito, sem revolta, a humana sorte:
viver, da Vida, esta pequena vida,
morrer, da Morte, esta pequena morte.
Fernanda de Castro, Poesia II
Um a um, desfolhei os sete véus,
e adormecido o corpo, a alma acordada,
um a um, escalei os sete céus.
Sem limites de tempo nem espaço,
quanto tempo durou minha viagem?
Andei mundos sem dor e sem cansaço,
ficou, em meu lugar, a minha imagem.
Agora, de regresso, cumpro a pena.
Tudo esqueci dessa abismal distância
mas algo é diferente: volto à arena
com uma nova inocência, um gosto a infância.
Serena, com uma paz desconhecida,
aceito, sem revolta, a humana sorte:
viver, da Vida, esta pequena vida,
morrer, da Morte, esta pequena morte.
Fernanda de Castro, Poesia II
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
sábado, 17 de novembro de 2007
Perdão
Aqui me tens, meu Deus, em confissão.
Não roubei. Não matei. Não caluniei.
Mas nem sempre segui a tua lei,
nem sempre fui a irmã do meu irmão.
Não recusei aos outros o meu pão.
Amor, algumas vezes, recusei.
Mas por tudo o que dei e o que não dei,
eu te peço, meu Deus, o meu perdão.
Perdão para os meus pecados conscientes
e para os meus pecados inocentes,
para o mal que já fiz e ainda fizer ...
Perdão para esta culpa original,
para este longo e complicado mal:
o crime sem perdão de ser mulher.
Fernanda de Castro
Aqui me tens, meu Deus, em confissão.
Não roubei. Não matei. Não caluniei.
Mas nem sempre segui a tua lei,
nem sempre fui a irmã do meu irmão.
Não recusei aos outros o meu pão.
Amor, algumas vezes, recusei.
Mas por tudo o que dei e o que não dei,
eu te peço, meu Deus, o meu perdão.
Perdão para os meus pecados conscientes
e para os meus pecados inocentes,
para o mal que já fiz e ainda fizer ...
Perdão para esta culpa original,
para este longo e complicado mal:
o crime sem perdão de ser mulher.
Fernanda de Castro
Minha querida Cecília
"Minha querida Cecília:
Tenho pensado em ti estes últimos tempos que isto quer dizer com certeza qualquer coisa. Quer dizer, pelo menos, que estás a reclamar, a chamar-me coisas feias, a dizer que sou preguiçosa, ingrata, volúvel, coisas que sabes perfeitamente injustas. A verdade, a verdadinha é que tu sempre foste uma criatura metódica, arrumadinha, com horas para tudo - até para não fazer nada - e eu continuo um bicho selvagem que funciona por entusiasmos, por impulsos, por emoções, em suma uma pessoa que nunca teve relógio, deita fora os calendários, que é capaz de trabalhar horas a fio mas incapaz de trabalhar seja no que for, meia hora por dia à mesma hora. Não te lembras do que disse o Johan Bojer naquele dia em que fomos passear ao campo?
- "Você Cecília, tem mais calor, e você Fernanda, mais fogo!" Questão de signos talvez, mas a verdade é que a minha suposta inconstância era apenas a natural reacção à tua desesperante regularidade. por exemplo tu escrevias-me um cartão com meia dúzia de linhas e eu respondia-te, se estava de maré, com uma carta de seis páginas em que te dizia tudo o que se podia dizer e em que tu, espertinha como és, lias tudo o que se não diz, todo o indizível (...)"
Fernanda de Castro
«Cartas para além do Tempo», pp.43-49.
(Europress, 1990)
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Eu
"O homem de génio diz: eu sou.
O poderoso afirma: eu posso.
O rico diz: eu tenho.
O ambicioso: eu quero.
Eu! Eu! Eu!
E, afinal,
esses que vivem sós, completamente sós,
quanto dariam para como tu,
ou como eu,
dizerem simplesmente: nós."
O poderoso afirma: eu posso.
O rico diz: eu tenho.
O ambicioso: eu quero.
Eu! Eu! Eu!
E, afinal,
esses que vivem sós, completamente sós,
quanto dariam para como tu,
ou como eu,
dizerem simplesmente: nós."
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
domingo, 14 de outubro de 2007
Entrega do prémio literário Ricardo Malheiros (O Século Ilustrado, nº 427, Março 9 1946 - 17), via http://revistaantigaportuguesa.blogspot.com
sábado, 13 de outubro de 2007
“Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite”.
David Mourão-Ferreira
David Mourão-Ferreira
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
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