sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Eu

"O homem de génio diz: eu sou.
O poderoso afirma: eu posso.
O rico diz: eu tenho.
O ambicioso: eu quero.
Eu! Eu! Eu!
E, afinal,
esses que vivem sós, completamente sós,
quanto dariam para como tu,
ou como eu,
dizerem simplesmente: nós."

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

(...)
Por isso espero a morte sem terror,
sem temer o castigo.
Porque há-de recear-se a paz, o amor?
Receia-se o inimigo.


Fernanda de Castro

domingo, 14 de outubro de 2007

Herdei uns olhos claros, sem pecado,
toda uma tradição, todo um passado,
de inocência, de amor e de perdão.
Um desejo de paz, de vida calma,
uma alma capaz de só ser alma,
E um doloroso, humano coração.

Fernanda de Castro
Entrega do prémio literário Ricardo Malheiros (O Século Ilustrado, nº 427, Março 9 1946 - 17), via http://revistaantigaportuguesa.blogspot.com





sábado, 13 de outubro de 2007

“Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite”.

David Mourão-Ferreira

sexta-feira, 12 de outubro de 2007


Porque chamamos vivos aos que esperam
a vez, marcando passo?
E mortos aos que se libertam
e são livres no espaço?


Fernanda de Castro «Nascer, Morrer», in Asa no Espaço, 1955

"Sem igual no lirismo contemporâneo"

(Aquilino Ribeiro)

Senhor, como é possível a descrença,
imaginar, sequer, que ao fim da Escada
se encontre após esta ansiedade imensa
uma porta fechada
e mais nada?

Fernanda de Castro
Que força expressional e consecutiva, que fôlego sem desfalecimento, que altura sem vertigens, que beleza sem interrupções!

(Ferreira de Castro)