"Se tudo quanto existe
é lenta evolução,
longa transformação
sem Deus e sem mistério;
se tudo no Universo tem sentido
sem o sopro divino;
se o segredo da vida, a criação,
se explica pela ciência,
e a corrente vital
é também consequência;
se a humana consciência
é simples equação...
que significa a vocação do eterno,
que quer dizer a aspiração do Céu
e o terror do Inferno?
E se acaso é o instinto a lei da vida,
se a verdade
é só necessidade
inexorável, lenta, laboriosa,
que sábia explicação
tem esta frágil, esta inútil rosa?"
Fernanda de Castro «Asa no espaço», 1955