"Oitenta anos daqui a poucos dias.
Parece muito. É imenso, não é nada.
Ínfimo grão de pó no pó da estrada.
Raminho de Tristezas, de alegrias.
Crepusculares, doces alegrias.
Por vezes, dolorosa a caminhada,
mas sempre, após a noite, a madrugada.
Cantos de rouxinóis, de cotovias.
De tudo um pouco, assim é que é a vida
se a queremos inteira, bem vivida,
às vezes vendaval, outras bonança-
Bem e mal, noite e dia, riso e dor.
Difícil alquimia: espinho e flor,
mas sempre aberta a porta da esperança."
Fernanda de Castro in, Poesia II
sábado, 29 de março de 2008
Educação Sexual
"Tenho pena de ti, pobre criança.
Em nome da ciência,
quantos cruéis abusos de confiança!
Roubaram-te a inocência.
Sabes tudo o que havias de saber
a anos de distância.
quando já fosses homem ou mulher,
e sujaram-te a infância."
Fernanda de Castro in, Poesia II
Em nome da ciência,
quantos cruéis abusos de confiança!
Roubaram-te a inocência.
Sabes tudo o que havias de saber
a anos de distância.
quando já fosses homem ou mulher,
e sujaram-te a infância."
Fernanda de Castro in, Poesia II
Quando te dói a alma
"Quando estás descontente,
quando perdes a calma
e odeias toda a gente,
quando te dói a alma,
quando sentes, cruel,
o prazer da vingança,
quando um sabor a fel
te proíbe a esperança,
quando as larvas do tédio
te embotam os sentidos,
e o mal é sem remédio
e a ninguém dás ouvidos,
nega, recusa a dor,
abandona o deserto
das almas sem amor
e mergulha o olhar
em tudo o que está certo,
o mar, a fonte, a flor. "
Fernanda de Castro in, Poesia II
quando perdes a calma
e odeias toda a gente,
quando te dói a alma,
quando sentes, cruel,
o prazer da vingança,
quando um sabor a fel
te proíbe a esperança,
quando as larvas do tédio
te embotam os sentidos,
e o mal é sem remédio
e a ninguém dás ouvidos,
nega, recusa a dor,
abandona o deserto
das almas sem amor
e mergulha o olhar
em tudo o que está certo,
o mar, a fonte, a flor. "
Fernanda de Castro in, Poesia II
Urgente
"Urgente é construir serenamente
seja o que for, choupana ou catedral,
é trabalhar a peda, o barro, a cal,
é regressar às fontes, à nascente.
É não deixar perder-se uma semente,
é arrancar as urtigas do quintal,
é fazer duma rosa o roseiral,
sem perder tempo. Agora. Já. É urgente.
Urgente é respeitar o Amigo, o Irmão,
é perdoar, se alguém pede perdão,
é repartir o trigo do celeiro.
Urgente é respirar com alegria,
ouvir cantar a rola, a cotovia,
e plantar no pinhal mais um pinheiro. "
Fernanda de Castro, in Poesia II
seja o que for, choupana ou catedral,
é trabalhar a peda, o barro, a cal,
é regressar às fontes, à nascente.
É não deixar perder-se uma semente,
é arrancar as urtigas do quintal,
é fazer duma rosa o roseiral,
sem perder tempo. Agora. Já. É urgente.
Urgente é respeitar o Amigo, o Irmão,
é perdoar, se alguém pede perdão,
é repartir o trigo do celeiro.
Urgente é respirar com alegria,
ouvir cantar a rola, a cotovia,
e plantar no pinhal mais um pinheiro. "
Fernanda de Castro, in Poesia II
quarta-feira, 19 de março de 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
Asa no espaço
"Asa no espaço, vai pensamento!
Na noite azul, minha alma, flutua!
Quero voar no braços do vento,
quero vogar nos barcos da Lua!
Vai, minha alma, branco veleiro,
vai sem destino, a bússola tonta.
Por oceanos de novoeiro,
corre o impossível, de ponta a ponta.
Quebra a gaiola, pássaro louco!
Não mais fronteiras, foge de mim,
que a terra é curta, que o mar é pouco,
que tudo é perto, príncipio e fim.
Castelos fluidos, jardins de espuma,
ilhas de gelo, névoas, cristais,
palácios de ondas, terras de bruma,
asa, mais alto, mais alto, mais!"
Fernanda de Castro, Poesia II
Na noite azul, minha alma, flutua!
Quero voar no braços do vento,
quero vogar nos barcos da Lua!
Vai, minha alma, branco veleiro,
vai sem destino, a bússola tonta.
Por oceanos de novoeiro,
corre o impossível, de ponta a ponta.
Quebra a gaiola, pássaro louco!
Não mais fronteiras, foge de mim,
que a terra é curta, que o mar é pouco,
que tudo é perto, príncipio e fim.
Castelos fluidos, jardins de espuma,
ilhas de gelo, névoas, cristais,
palácios de ondas, terras de bruma,
asa, mais alto, mais alto, mais!"
Fernanda de Castro, Poesia II
sábado, 8 de março de 2008
Fernanda de Castro, sobre António Quadros no periodo da sua juventude:
Calado, tranquilo, sem fazer ondas, seguia serenamente o seu caminho, sem sobressaltos, mas de maneira eficiente e segura. (in Ao Fim da Memória)
Calado, tranquilo, sem fazer ondas, seguia serenamente o seu caminho, sem sobressaltos, mas de maneira eficiente e segura. (in Ao Fim da Memória)
quarta-feira, 5 de março de 2008
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