quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

pingue-pingue


(Estarei morta?
Como um velho boneco
com a corda partida,
um dia irei da vida
numa caixa comprida).
Mas se estou morta
deveria calar-se
o pingo da torneira,
ou terei de o ouvir
a morte inteira?
(Será isto o inferno,
uma torneira,
pingue-pingue,
a morte inteira?)

Fernanda de Castro

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Não queiras a piedade de ninguém

"Não queiras a piedade de ninguém.
Faze do teu orgulho uma couraça.
A piedade é uma forma de desdém.
Nunca peças esmolas a quem passa.

 Mostra, em silêncio, que tens nervo, raça,
e espera. Atrás do tempo, tempo vem.
 E se a ventura for rebelde ou escassa,
que seja o orgulho o teu supremo bem."

Fernanda de Castro

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

«O Ás dos Caçadores» por Fernanda de Castro


Ilustração de Sarah Affonso

"Uma sala. Móveis simples. Um piano. Cadeiras. Quando sobe o pano o Caçador está sentado numa poltrona e, à sua volta, agrupam-se as Meninas. O invejoso escuta com  um ar incrédulo. As Meninas ouvem, de boca aberta, as proezas do Caçador. (...) "

Fernanda de Castro
Boletim Cultural (Fundação Calouste Gulbenkian)
VII Série, Junho de 1992, disponível aqui.